Cinco estrelas! É desta maneira que eu descrevo os quase dois anos que passei com o Frei Carlos. Cheguei a Fátima a 26 de Junho de 2010 em que a única pessoa que conhecia era a Patrícia. Lembro-me de entrar tímido na cozinha dos dominicanos e ele, como se me conhecesse desde sempre abraça-me e diz: “És novo aqui? Vais desejar nunca cá ter entrado!” Nesta altura ainda nem me passava quem ele era nem no amigo que ele se viria a tornar.
Esta altura coincidiu com um período da minha vida no qual eu
andava muito desmotivado e bastante derrotista e, nesse fim-de-semana,
encontrei não só nele mas também no MMF inteiro um estilo de vida completamente
diferente do meu, muito baseado na alegria. Saí de Fátima muito mudado e se hoje
sou quem sou devo-o em grande parte a ele. Aquela boa disposição, aquela
alegria eram características natas do frei que o tornavam único mas aquilo que
me chamou mais a atenção era o sorriso dele a celebrar a Eucaristia, algo que
não é muito comum nos dias de hoje. Notava-se que sentia prazer naquilo que
fazia e que toda a “plateia” era amiga dele. Quando falava connosco, fosse em
temas, fosse em homilias, fosse pessoalmente, sabia sempre aquilo que dizer e
como nos fazer levantar a cabeça.
“Procura dentro de ti a pequena voz do teu interior: o teu
coração!” Estas foram as palavras mais bonitas que ele alguma vez proferiu.
Podia explicar aquilo que elas significam para mim mas isso seria desperdiçar
tempo. Consoante quem as ouve o significado pode variar mas o valor está lá
sempre.
Foi um grande choque para mim quando soube do acidente. Na
segunda-feira seguinte parti para Viseu logo de manhã onde pouco depois saímos
para Fátima. Acho que não me recordo de alguma vez ter visto tantas pessoas
juntas como vi nesse dia mas sobretudo no dia do funeral em Alvaiázere. Contudo
não posso dizer que o ambiente fosse triste… talvez místico seja o termo mais
correto. No nosso “último adeus” estavam pelo menos três rodas de pólos laranja
a cantar músicas de esperança e de alegria, o que revelou um contraste entre
tristeza e beleza transcendental.
Lamego, há algum tempo que andava a passar dificuldades no
que dizia respeito aos jovens e o dia do falecimento do nosso amigo foi também
o dia da nossa primeira atividade diocesana. Uma grande amiga minha associou
isso a um sentimento de “missão cumprida”. O frei Carlos não nos deixou, nem
muito menos deixou de nos falar… nós é que vamos ter de nos habituar à nova
maneira de ele comunicar connosco.
«E o
frei é o nosso grande Amor!»
Bruno Mendes (Lamego)
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